Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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30.11.14

Zé Besteiro

De modos simples e uns quantos monossílabos, Zé Besteiro era, para as gentes de fora, a azémola da aldeia. Nada lhe importavam opiniões desconhecidas, ou sequer conhecidas. Os homens são bichos cruéis e por isso escolhera a companhia dos animais que conduzia de pasto em pasto.
Na aldeia todos os sabiam avesso ao contacto humano, mas não havia importunos de parte a parte. Cada pessoa tinha o seu lugar no ecossistema do lugar respeitado mutuamente. Ainda assim, o Chico da Taberna tinha sempre uma taça de morrão à espera de quando o Zé Besteiro descesse à aldeia após dias por montes e vales. Zé ameaçava um sorriso e agradecia com um quase imperceptível aceno de cabeça.
Não se lhe conheciam nem palavras nem família. Tudo quanto era atinente ao seu passado tinha, na melhor das hipóteses, desaparecido com o velho pároco em segredo de confissão.

Enzzok

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