Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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2.11.14

A velha Tamargueira

Visitei hoje, creio que pela última vez, a velha Tamargueira. Há muito que me pesava não haver uma despedida. Não que sejam necessárias palavras, mas sim esse gesto de dizer adeus a um passado, a um modo de vida.
Lá cresci e me fiz homem. Lá percebi que o mundo tinha de ter para mim mais do que a locanda do Ti jaquim, onde há gerações os homens se reúnem e perpetuam histórias que não quero para mim.
Sim, necessitava voltar. Apenas para encerrar o capitulo desse homem que fui e jamais conseguiria voltar a ser. Voltei não para o meu adeus, mas para que a própria aldeia se pudesse despedir do seu filho impródigo. Para que pudesse descansar do seu intrínseco desejo de sugar os seus homens. Fui para lhe dizer: perdeste-me. Eu ganhei o mundo.

Feitas as reverenciais despedidas, parti pela estrada ladeada pelo arbustos que nomeiam a aldeia. Ao som do motor, alguns adens levantaram voo. Talvez assustados, talvez apenas curiosos pela ousadia da partida. Só isso reterei na minha mente: o seu voajar bailado no espelho reflector do carro.

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