O Bom Nome (2006)

Para além da nossa herança genética, a primeira coisa que recebemos dos nossos pais é o nosso nome, o que pode ser uma herança ora pesada ora leve, consoante nos identificamos ou não com o mesmo. Na escolha do nome de um filho confluem gostos pessoais, heranças familiares, significados, homenagens., modas, entre outros. Para quem o recebe a sua aceitação pressupõe igualmente a percepção da sua origem, o porquê da escolha, o significado, o modo como os outros o percepcionam. Assim, a escolha do nome é talvez a mais importante dádiva que se dá a um filho.
Gogol recebeu o seu nome em homenagem ao escritor russo Nicolai Gogol, escritor de eleição do seu pai. Filho de emigrantes indianos, vive em confronto entre o tradicionalismo dos pais e as possibilidades que a cultura americana lhe oferece. E durante a adolescência e inicio da vida adulta, o seu nome revela-se mais um empecilho que uma benesse. No entanto, só após a morte do seu pai, já na idade adulta, é que Gogol, ao fazer um balanço das suas escolhas e fracassos, irá verdadeiramente compreender a escolha do seu nome e aceitá-lo.
É um filme interessante e sensível com o qual me identifiquei pela questão do nome, da diferença de culturas a que as várias gerações estão sujeitas e pela constatação de que, regra geral, só compreendemos verdadeiramente os nossos pais quando já não podemos usufruir da sua presença e quando tudo o que nos resta deles é o nosso nome.

Título original: The Namesake * Realização: Mira Nair * Argumento: Sooni Taraporevala, baseado na obra de Jhumpa Lahiri * Elenco: Kal Penn, Irrfan Khan, Tabu, Jacinda Barrett, Brooke Smith