Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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2.7.14

#6 – não faz parte da minha natureza

Não sou uma líder nata. No entanto, para atingir determinados objectivos, compreendo que tenha de desempenhar um papel de chefia. Nesse sentido, tenho procurado preparar-me para o desafio, embora a distância entre a preparação e a realidade por vezes me pareça demasiada para o meu passo.
A minha melhor preparação passa pela observação de quem desempenha esse papel e o modo como ajustam a sua actuação às situações, aos subordinados e aos superiores hierárquicos. Das várias aprendizagens percebo que a liderança depende, entre outras, de:
- o grau de hierarquia desempenhado;
- a equipa disponível (que é muito diferente de uma equipa criada e seleccionada para o efeito a que nos propomos);
- os objectivos estipulados;
- os tempos de resposta necessários aos desafios previstos e, sobretudo, aos imprevistos;
- a imagem junto dos públicos directos e indirectos.
Estas variantes tornam o desempenho da função complexo e a verdade é que esta complexidade nunca permite um momento de pausa, por vezes necessário ao recarregar de baterias e de distanciamento necessário ao ganho de perspectiva sobre os desafios a enfrentar.
Outra dificuldade inerente à função deve-se ao facto que muitos dos seus detentores o considerarem perpétuo e como tal abusam do mesmo. Mas, a não ser numa empresa particular em que o dono seja o chefe, qualquer cargo de chefia é temporário e muitas vezes umas vezes somos chefiados e outras chefiamos. E ao assumirmos essa função não podemos perder o respeito de e por com quem trabalhamos e que procuram fazer o seu melhor e cumprir as suas responsabilidades. E quando nos deparamos com pessoas inlideráveis, por vezes o melhor é dar algum tipo de poder sobre si mesmos, chegando a ser irónico como prontamente abdicam dessa complexidade.
E chefiar é realmente diferente de liderar. Por isso, há quem até seja um bom chefe, mas não seja um bom líder. Quanto às dream teams, elas existem mas precisam de tempo, por vezes de meios, e às vezes até de se renovar.
Voltando à minha não predisposição natural para a liderança, a verdade é que cada vez respeito mais quem desempenha este papel com coerência e com honestidade. Também por isso passei a ter menos respeito por outras pessoas. É um papel ingrato, pois a critica está sempre pronta a ser usada contra nós embora o reconhecimento pelos acertos passe quase sempre ao lado. É uma função de pressão: do(s) público(s), dos superiores, dos subordinados, e de nós próprios, quando queremos dar o melhor de nós e nos constatamos aquém das expectativas de todos. Mas, por vezes, o mais terrível é ficarmos aquém de nós próprios.

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