Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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6.7.09

Acordo Ortográfico

Tem havido muita celeuma em torno do Acordo Ortográfico (AO) que me tem passado ao lado, porque ainda não me tinha dedicado em perceber as reais mudanças a serem instauradas.

Como as minhas economias andam para lá de Bagdad ainda não adquiri qualquer manual ou prontuário. Como a internet costuma ser pródiga em informação sucinta sobre os temas, resolvi procurar algum quadro síntese com as alterações introduzidas pelo AO. Foi sem espanto que não encontrei nada em português de Portugal, mas encontrei dois ou três em português do Brasil. Já há muito percebi que a internet é utilizada neste país como uma verdadeira ferramenta de democratização cultural e que é possível encontrar textos muito válidos, muitos deles académicos, sobre os mais variados temas. Foi assim que deparei com um Guia do AO elaborado pela Editora Moderna. Neste guia encontramos: uma cronologia de anteriores acordos, vários quadros síntese com várias observações e o texto completo do acordo, além da advertência de que a consulta do mesmo não dispensa a consulta do dicionário da Academia Brasileira de Letras.

Após a leitura do Guia, considero que a maioria das mudanças são perfeitamente naturais, embora algumas me pareçam estranhas, sobretudo porque vão abolem conhecimentos muito enraizados. Não deixa de ser estranho que o que eram considerados erros de acentuação quando era estudante – e que normalmente implicavam trabalhos de casa acrescidos – agora não o são. Ou seja, eu e muitas pessoas sentimos que nos estão a tirar uma rede de protecção. Mas não é o fim do mundo. Será talvez para os poderes políticos uma derrota pois demonstra que o Brasil detém mais poder nesta área[1]. Mas também é natural que o seja. Não é à toa que tenha sido o Brasil a construir um primeiro Museu da Língua Portuguesa, algo que só agora está a ser desenvolvido pelas autoridades portuguesas. Isso demonstra que o Brasil tem tido um papel activo no estudo e promoção da nossa língua. Talvez devamos aprender com este exemplo e perceber o que temos a ganhar em vez de perdemos tempo em lamuriar sobre o que eventualmente perdemos. Acho que já houve tempo mais que suficiente para isso. Afinal o texto do actual AO é já de 1990 e se em vinte anos não se alterou, não será agora que se fará.


[1] A unificação da ortografia acarretará alterações na forma de escrita em 1,6% do vocabulário usado em Portugal e de 0,5%, no Brasil. No entanto, como Jaime Bulhosa relembra no seu post “Que língua Estranha é esta?”, este número “não tem qualquer expressão na imensidão de palavras que podemos usar”.

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