Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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10.12.08

Diálogo telemobilistico

- Deu-me o número de telemóvel.
- Hum, e já ligaste?
- Não.
- Fizeste bem. Liga amanhã. Deixa-o um pouco em banho-maria.
- Não sei se vou ligar.
- Se não ligares, liga ele e é sempre melhor sermos nós a tomar a iniciativa. Já sabes, o ataque é a melhor defesa.
- Ele não vai ligar.
- Não lhe deste o teu número?
- Não.
- És sempre a mesma.
- Já sabes que não gosto de dar o meu número.
- Mas que mal é que tem?
- Para ti nenhum, mas não gosto.
- Ás vezes não percebo para que é que queres um telemóvel, se por tua vontade nunca dás o número a ninguém, nem que seja por educação. Quando alguém te dá o número, retribuis.
- Sim, retribuo quando considero que devo, não só porque é suposto.
- Agora deve estar a pensar que não queres nada com ele.
- Que esteja, assim quando lhe ligar apanho-o de surpresa.
- Isso, se…
- Pois, se… devia não é?
- Claro que deves. Pensa bem, o pior que pode acontecer é ser um bocado parvo. Vês o que é que dá e depois manda-lo à vida. Se quiseres até o faço por ti.
- Eheheh. Não é preciso, se há coisa em que sou boa é em mandar um tipo à vida. Fosse eu metade tão boa no resto e não estávamos aqui a falar de números de telemóvel.
- É verdade. E não é tarde, nem é cedo. Vais ligar agora mesmo.
- Aqui? Agora? Não vou nada.
- Vais sim, para eu ter a certeza.
- Isso é que não vou. Já não gosto de o fazer e com público ainda menos.
- E quem me garante que lhe ligas.
- Eu.
- Pois, pois.
- Olha, posso até ser medrosa, mas não sou mentirosa.
- Lá disso, não nos podemos queixar. Prometes então?
- Sim, prometo.
- Ok, então bora lá beber um copo antes que te dê um treco só de pensar em fazer um telefonema. Há gente com muita fobia, mas olha que tu, vai lá vai!
- Pois, faz parte do meu charme…
- Pois, pois.

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