Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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6.10.08

Olho-me ao espelho, enquanto penteio o cabelo após mais um banho. Perscruto o meu rosto em busca das marcas do tempo que por vezes vejo noutros rostos que já passaram os trinta. Presto atenção aos contornos dos olhos e dos lábios. Observo as maças do rosto e penso que o tempo tem sido gentil comigo. No meu rosto apenas a testa apresenta algumas ameaças de vincos.

O mesmo não se passa com o meu cabelo, em que o castanho escuro se apresenta já riscado. Valem os caracóis que disfarçam a quantidade de fios brancos. Mas observando as têmporas com cuidado, o branco avança gradualmente na sua intensidade.

Já ponderei pintar o cabelo e assim prolongar uma aparência mais jovem, mas irrita-me a perspectiva de pinta-lo com uma regularidade quase religiosa. A verdade é que, mesmo desejando manter a frescura da juventude até o mais tarde possível, gosto da maturidade que os cabelos brancos anunciam. Afinal, não são apenas um sinal do tempo. São a consequência de decisões, várias penas e algumas dores. Não uma mera imposição biológica, são uma conquista feita de experiência e sorrio ao espelho porque considero que são merecidos.

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