Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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24.11.07

Conclusões sobre a inveja

A inveja é o mais inconfessável dos pecados e realça as características mais vis das pessoas. Enquanto todos os outros pecados são contra uma virtude, ela é contra toda virtude.

A inveja necessita sempre de pelo menos dois indivíduos com uma relação de desigualdade e o invejoso é sempre aquele que se sente prejudicado. Ela é socialmente útil, pois controla a vaidade e o orgulho; além disso, estimula a inovação, impedindo a acomodação, reduzindo o desequilibro entre os indivíduos. Só se inveja quando se está triste e a quem está perto. A sua base é a busca do poder: a mais-valia; mas o que mais desperta é a impotência: ficar passivo, olhando, se corroendo por dentro. Muitas das vezes é a projecção nos outros da malícia que na verdade está dentro de nós.

A inveja é mais azeda entre as mulheres por causa de uma vivência de privação. Elas têm de lutar mais, ter mais talento, mais competência. A maioria das coisas invejadas pertence à esfera do narcisismo: beleza, juventude, honra, glória, fama, poder, coisas tangíveis mas que se podem perder facilmente.

A inveja é a exploração de nosso campo magnético por outra pessoa e está sempre associada ao olhar, ao mau-olhado. E a inocência não serve para proteger. Mascara-se muitas vezes sob a forma de elogio, que é sempre recebido com reservas, porque se teme que ele funcione como mau agouro. Ninguém elogia com boas intenções.

A inveja tem sempre uma energia negativa e não há diferenciação entre boa e má inveja: destrói e corrói sempre.

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