Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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18.6.07

Carlos Drummond de Andrade

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A ideia que tinha desta poeta era de alguém muito conceituado no mundo literário lusófono, mas desconhecia o seu trabalho, com excepção de alguns poemas musicados. Então, foi com algum espanto que deparei num site com alguns dos seus poemas de teor erótico. Não que sejam maus poemas, muito pelo contrário. Denotam ritmo, cadência, jogos de palavras, ironia, mas também uma grande explicitez. Que foi o que mais me surpreendeu.

É muito fácil cair no preconceito de que autores maiores não se dedicam a certo tipo de temáticas ou géneros e depois quando o descobrimos surpreendemo-nos. Este facto só veio alargar a minha perspectiva sobre o autor e o seu trabalho. Bem, além de, é claro, divertir-me.

A língua lambe as pétalas vermelhas

da rosa pluriaberta; a língua lavra

certo oculto botão, e vai tecendo

lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,

a licorina gruta cabeluda,

e, quanto mais lambente, mais ativa,

atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos

de leões na floresta, enfurecidos.

A carne é triste depois da felação
Depois do sessenta-e-nove a carne é triste.
É areia, o prazer? Não há mais nada
Após esse tremor? Só esperar
Outra convulsão, outro prazer
tão fundo na aparência mas tão raso
na eletricidade do minuto?
Já dilui o orgasmo na lembrança
E gosma
escorre lentamente de tua vida

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