Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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10.4.07

Mensageiro

És o mensageiro da minha desgraça. Como te posso ainda amar se cada dor que sinto me é dada por ti. Não causada por ti. Mas trazes-me cortes profundos, feridas que tardam em sarar. Já não sinto sequer receio pelas tuas palavras. É já a tua simples presença que me oprime o peito e me faz querer correr.

Fugir, fugir, fugir.

Sei que não é culpa tua, és apenas o mensageiro. São as circunstâncias. Essas estúpidas circunstâncias que me rodeiam e que já não consigo suportar. Não a ti, minha circunstância favorita.

O amor é já medo. Profundo, mas não irracional. Sei bem da tua inocência. Mas o medo é um virús latente que apenas se controla e nunca destrói. Qualquer evento ou presença o denuncia. A tua presença foi lhe dando vida.

Saio, não por ter deixado de te amar, mas porque o amor não é o mais forte dos sentimentos. É apenas a cola que nos une, mas que não te força suficiente para resistir a todas as pancadas.

És agora uma ameaça de dor constante. O embate anunciado. Prestes a acontecer.

Preciso sair para que o meu coração resista a esta opressão constante. Preciso de lhe dar descanso.

Preciso, preciso, preciso.

De um momento de calma, de descanso, de paz. Não o consigo contigo. Por isso saio. É difícil que o compreendas. Não o espero.

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